quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Sr. Orgulho


Desde que me encontrei com completas duas décadas e meia de vida, me tornei uma pessoa fechada para o mundo. Fiz do meu peito, uma forma de escudo, para qualquer uma das aventureiras que tentassem se encontrar no meu coração. Depois da última vez, não. Decidi que ninguém mais conheceria minhas fragilidades.
Passei alguns anos seguindo meus caminhos aleatórios, conhecendo algumas mulheres interessantes, outras, nem tanto. Nenhuma delas soube quem eu realmente era, me tornei então, o Senhor Orgulho.
Achei que ficaria bem assim, seria dono da minha vida, como do meu coração. Só que não. Meu caminho cruzou com o de uma pequena espoleta, uns seis anos mais nova que eu, que falava mais que uma televisão.
No começo, era só uma curtição, no meio do caminho, se tornou veneração, e ao final, descobri que era paixão.
Cabeça dura, como sou, não dei atenção aos seus sinais, era como se ela gritasse: ‘Ei, quero te conhecer melhor, vem entrar na minha vida’. E quando ela se cansou das minhas jogadas em vão, percebi que ela já me tinha na mão.
Inicialmente, não soube muito o que fazer. Completei três décadas e me vi desesperado por uma menininha falante.
Passei alguns meses tentando me enganar. Encontrei outras mulheres, mas com todas fui rude, nunca soube bem o que falar.
Decidi então, que iria atrás da pequena e meu coração iria lhe dar. Mas quando a encontrei, ela já estava prestes a se casar.
Meu escudo de pedra desmoronou, me vi, novamente, com o coração em lágrimas. Não acreditava que por uma tagarela eu chorava.
Foi ai que ela me disse algo inesperado: “Você preocupa tanto em não sair machucado, que machuca quem está ao seu lado e correr atrás de quem não pode ser alcançado”.
Voltei para casa meio atordoado, passei dias em conflito com o Senhor Orgulho. Até que em um sábado largado, recebi uma mensagem inconformada de uma mulher que tinha tudo o que precisava, menos o amor ela desejava. E por um tempo, eu fui o dono dessa dor que a atormentava.
Resolvi que com ela me desculparia, e finalmente, me deixaria encontrar com o amor. As palavras da pequena ficaram guardadas no meu peito, terminaram de quebrar o gelo que por lá pairava. Me fez perceber que ninguém, nem mesmo um coração perturbado, poderia viver sem alguém ao lado.

(Mariana Magalhães)

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