quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Realidade escancarada e vandalizada

Os esmaltes das minhas unhas estão gastos, tenho olheiras que se confundem com a maquiagem borrada nos meus olhos. O Sol ofusca a minha visão, acho que devem ser quase meio dia.
Quando caio em consciência, percebo que estou atirada na calçada, como um vagabundo qualquer. As pessoas olham esquisito, devem estar me confundindo com algum bêbado ou drogado, e, para falar a verdade, não estou muito longe disso. Não consigo me lembrar de quase nada da noite passada, apenas de ter sentado na cadeira de um boteco no centro da cidade, procurando por um copo de cerveja.
Aos poucos minha visão vai voltando a sua normalidade, percebo que há sangue entre as minhas pernas. Porque será que estou sangrando? Ah... Minha cabeça dói, assim como os meus lábios, sinto que estão inchados.
Começo a tremer de frio em meio ao calor escaldante das ruas.
Meu Deus... O que aconteceu comigo? Será que ninguém percebe que estou precisando de ajuda? Onde será que estou...?
O desespero começou a me tomar... Levantei do chão com alguma dificuldade, me apoiando pela parede. Preciso de ajuda, de alguém.
O barulho dos carros na rua faz a minha cabeça latejar cada vez mais, estou confusa, não consigo organizar meus pensamentos. Flashes da noite passada começam a brilhar em minha cabeça... Havia um homem conversando comigo no bar, acho que ele queria me levar para sua casa. Eu resisti e de repente fui ao chão com a intensidade do soco que levei no rosto, acho que desmaiei por uns instantes...
Minha respiração começou a ficar ofegante com as memórias que estavam voltando em minha mente... Meu Deus, acho que fui violentada...
As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos sem limite algum, preciso chamar a polícia. Vejo uma lanchonete na esquina, vou correndo naquela direção gritando por socorro. Os fregueses se assustam com a minha aparência e desespero, um segurança aparece na porta me impedindo de ultrapassá-la, ele segura forte em meu braço e, antes que eu pudesse pensar em falar alguma coisa, fui enxotada para fora, caio no chão e bato com a cabeça no meio fio da calçada. Apago novamente.
(Mariana Magalhães)

sábado, 7 de setembro de 2013

desmagnetizada

Você esteve aqui?
Por onde ando, por onde passo, vejo passos, ouço pegadas. Sinto o cheiro do seu caminhar errante exalando das marcas invisíveis que eu vejo nesse chão que não as mostra: seus pés.
Que caminho tomou? Caminho em uma direção que não tem sentido, esperando que me leve a um lugar qualquer, talvez lugar nenhum, talvez lugares vários, mas nunca lugar comum. Não sei se espero que haja um destino, quiçá um ponto de chegada, mas certamente sim: um de nova partida.

(Mariana Pio)