Desde
que me encontrei com completas duas décadas e meia de vida, me tornei uma
pessoa fechada para o mundo. Fiz do meu peito, uma forma de escudo, para
qualquer uma das aventureiras que tentassem se encontrar no meu coração. Depois da
última vez, não. Decidi que ninguém mais conheceria minhas fragilidades.
Passei
alguns anos seguindo meus caminhos aleatórios, conhecendo algumas mulheres
interessantes, outras, nem tanto. Nenhuma delas soube quem eu realmente era, me
tornei então, o Senhor Orgulho.
Achei
que ficaria bem assim, seria dono da minha vida, como do meu coração. Só que
não. Meu caminho cruzou com o de uma pequena espoleta, uns seis anos mais nova
que eu, que falava mais que uma televisão.
No
começo, era só uma curtição, no meio do caminho, se tornou veneração, e ao
final, descobri que era paixão.
Cabeça
dura, como sou, não dei atenção aos seus sinais, era como se ela gritasse: ‘Ei,
quero te conhecer melhor, vem entrar na minha vida’. E quando ela se cansou das
minhas jogadas em vão, percebi que ela já me tinha na mão.
Inicialmente,
não soube muito o que fazer. Completei três décadas e me vi desesperado por uma
menininha falante.
Passei
alguns meses tentando me enganar. Encontrei outras mulheres, mas com todas fui
rude, nunca soube bem o que falar.
Decidi
então, que iria atrás da pequena e meu coração iria lhe dar. Mas quando a
encontrei, ela já estava prestes a se casar.
Meu
escudo de pedra desmoronou, me vi, novamente, com o coração em lágrimas. Não
acreditava que por uma tagarela eu chorava.
Foi
ai que ela me disse algo inesperado: “Você preocupa tanto em não sair
machucado, que machuca quem está ao seu lado e correr atrás de quem não pode
ser alcançado”.
Voltei
para casa meio atordoado, passei dias em conflito com o Senhor Orgulho. Até que
em um sábado largado, recebi uma mensagem inconformada de uma mulher que tinha
tudo o que precisava, menos o amor ela desejava. E por um tempo, eu fui o dono
dessa dor que a atormentava.
Resolvi
que com ela me desculparia, e finalmente, me deixaria encontrar com o amor. As
palavras da pequena ficaram guardadas no meu peito, terminaram de quebrar o
gelo que por lá pairava. Me fez perceber que ninguém, nem mesmo um coração perturbado,
poderia viver sem alguém ao lado.
(Mariana Magalhães)
(Mariana Magalhães)