sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Versos Curtos


Queria te escrever
Um poema de versos longos
Pra você saber
Que toda noite me aparece em sonhos.

Um épico de aventuras;
Poema de rimas difíceis
Inspirado por uma lua cheia
E cheio de metáforas invisíveis.

Queria te contar segredos,
Mas tudo o que posso fazer
É me despir pra você –
Que já sabe dos meus mais profundos medos.

Queria ser o suficiente;
Tudo o que você precisa,
Mas não sei ser muito mais,
Do que uma mente perturbada
Num corpo que pede paz.

Queria que você me amasse
Bem do jeitinho que eu sou
Ou simplesmente me abraçasse
Pelo jeito que não sei ser.
Ou que só aceitasse
Os vícios que não nego ter.

Não posso fazer nada disso,
Não sei escrever épicos,
O que escrevo não passa de meras páginas.
Nem sei lidar com romances
Sem me afogar em lágrimas,
Mas queria que você soubesse
Por telepatia, conexão,
Ou pensamento em transmissão,
O que em épicos ou romances
Ou poemas de versos longos
Não teria a menor chance:
Eu
Te
Amo.


(Mariana P.)

terça-feira, 14 de agosto de 2012

Poetisa do XXI


Ela era uma escritora
Mas tiraram de sua mão
O papel e a caneta
Tudo o que a tornava uma autora
Foi vítima da censura
Mas não aquela da Ditadura
Ela estava no século XXI
E tudo o que o povo lia
Era apenas mais um
Não apreciavam mais a poesia
Só queriam saber
Se o dinheiro viria
Ela decidiu que não mais viveria
E um dia
Sua lápide diria
‘Aqui jaz uma poetisa
Que no mundo errado vivia’.

(Mariana Magalhães)

terça-feira, 7 de agosto de 2012

O pedido pelo ônibus

Eram exatamente meia noite. Ele me dava um beijo quente, não queria me largar, era como se tivesse tentando me falar que não queria partir. Sim, era doloroso demais quando nos separávamos, mas, infelizmente, a distancia ainda estava entre nós. O motorista do ônibus, fazia a última chamada, já impaciente. Então, ele foi largando a minha mão, seguindo em direção a porta, mas sem tirar os olhos de mim. Veio o aperto no coração. Ele sentou na janela. Ficamos nos olhando por alguns segundos. De repente ele desviou o olhar para algo dentro de sua mochila. Sem entender o que era, comecei a seguir o ônibus, que ainda andava devagar. Quando, finalmente, ele voltou seus olhos para mim, colocou na janela um caderno com o escrito em uma folha: 'Casa comigo?'. Por alguns segundos parei de correr e congelei. Assim que voltei para mim, olhei para a janela em que ele estava. Ele me alcançava inquieto com o olhar. Voltei a correr, com uma lágrima escorrendo pelos olhos, mas com um sorriso que atravessava as orelhas. Ele, entendendo minha resposta, sorriu de volta e fez um coração com as mãos pelo vidro da janela. Ai, parei de correr, o ônibus virou a esquina.

(Mariana Magalhães)