sábado, 30 de janeiro de 2016

Em tempos de extremismos...

Você já ouviu alguma frase parecida com estas?
- Hum... Meio gorda, não faz o meu tipo.
- NOSSA! MACHISTA! VIVE EM UMA SOCIEDADE COM PADRÃO DE BELEZA INEXISTENTE!

- Ah, não tenho preconceito com gays, só não quero que “cheguem” em mim.
- Calma lá, tio. Você não é essa coca-cola toda, tá? Homens que curtem homens não “chegam” em homens que curtem mulheres.

- Não, ela não faz o meu tipo. Muito Barbie. Deve ser muito fútil, só deve pensar em roupa. Mulher bonita assim não pode ser inteligente.
- Ok, hippister. Pode parar por ai? Quem disse que mulher bonita não é inteligente? Tem que ser um ou outro?

- Você viu que aquele cara disse que não concorda com o aborto!? RIDÍCULO! Deve ser um evangélico surtado! Só pode! MEU CORPO, MINHAS REGRAS! Mato um machista desses!
- Ow, que isso! Feminismo também tem limite! Calma lá com os seus preconceitos, para tentar defender os seus direitos!

- ESSES PETISTAS DE MERDA! É por isso que o Brasil não anda pra frente! QUERO DITADURA DE NOVO! Pra colocar todos esses marmanjos no devido lugar deles! VAI TRABALHAR, VAGABUNDO!
- Opa! Pera lá, companheiro. Quem disse que só o PT tá fodendo o Brasil? Você colocaria a mão no fogo pelo SEU partido? Hum? Colocaria?

Enfim... Essa lista continua. Se você, assim como eu, já viu frases similares a essas por aí (atualmente, de forma pesada pelas redes sociais), vai concordar que pontos de vista merecem sim ser respeitados, mas as coisas ultrapassaram o limite. Há muito tempo!
Em ordem de ter o SEU direito respeitado, as pessoas começaram a desrespeitar o direito do PRÓXIMO.
Apesar do fato de eu ter me formado no curso de Direito e pra mim a frase abaixo ser algo normal de se perceber, acho que é um senso comum a seguinte frase: “O seu direito acaba onde o do outro começa”. Simples assim.
Contudo, apesar da obviedade desta sentença, a conexão dela com a coerência do convívio humano está longe de existir.
Tenho a sensação que o aumento do acesso à informação, como no mundo em que hoje vivemos, prejudicou, em muito, a inteligência das pessoas. As informações são tantas, vinte e quatro horas por dia pipocando em nossas cabeças, que simplesmente esquecemos o que é, de fato, certo ou errado.
O que, tristemente, me parece, é que os indivíduos esqueceram pelo o tanto que a humanidade lutou para ter esse espaço em que várias opiniões podem ser discutidas no mesmo lugar. PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Simplesmente olvidaram.
E por isso, agora vivemos em uma onda TOTAL de intolerância!
O gay não tolera o hetero, o negro não tolera o branco, o de direita não tolera o de esquerda, o de classe baixa não tolera o de classe média ou alta... Essa lista está quase infinita.
E essa intolerância está tão clara, nítida e absurda que os meios de comunicação tecnológicos (mídias sociais) que vieram para unir as pessoas em qualquer lugar do mundo, as está separando, cada vez mais.
Se alguém faz um comentário em um grupo, que pode soar machista ou feminista demais, esse indivíduo é levado à praça pública para tomar chibatadas virtuais e, posteriormente, ser banido daquele mundo que não aceita o diferente.
Que ironia, não? Lutamos tanto para ter um mundo com uma aceitação maior dos “diferentes”. E agora são os “diferentes” que, também, não aceitam o “normal”.
Ó Céus, onde vamos chegar? Aqueles que foram a vida inteira humilhados e não aceitos na sociedade, deveriam, agora, dar o exemplo e mostrar que todos podem viver bem em sociedade. Mas não, é mais fácil mostrá-los como é difícil ser alguém excluído.
Obviamente, sei que não posso generalizar. E nem estou. Graças a Deus, pois eu sei que NEM TUDO está perdido. Sei que existem BELAS exceções a essa louca regra geral que estou a apontar.
 Povo, posicionamentos são importantíssimos para a vida de um ser humano e são com eles que construímos o nosso caráter. Só que jamais podemos esquecer que nem sempre o nosso pensamento será igual ao do colega que senta ao nosso lado do ônibus. Por isso, cuidado ao se expressar e ao criticar quem se expressa.
E LEMBRE-SE SEMPRE: “O seu direito acaba onde o do outro começa”.

(Mariana Magalhães)