quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Frio desconcertante

Ainda há Sol
mas seu distanciamento
já se faz presente
Ainda há coisas pendentes
Mas já sentimos que somos ausentes
O frio chega
as mãos procuram calor pelos bolsos
Nos tornamos velhos carochos
Um dia fomos desejados com alvoroço
O amor se esvai pelo ar
Mas ainda resta perguntar
porque paramos de tentar?
Só pode ser o efeito da estação que está à mudar
Na primavera
deixamos os corações encontrarem suas cores condizentes
No verão
percebemos um calor quase indescente
No outono
aconchegamos a euforia e abrimos porta para a rotina
E nesse inverno
deixamos diferenças resplandescentes
congelando tudo aquilo
que em chamas, tinha um sentido confortável ao libido.

(Mariana Magalhães)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Tempo desgostoso

Você está sempre na hora errada,
mas não consigo descobrir se precisa de um relógio
ou simplesmente o faz por querer me iludir.
Sempre queremos que seja diferente,
mas com você tudo é tão envolvente
que sempre faço aquilo que me propõe sorridente.
Parece que lê a minha mente,
mas decidi ser persistente.
Agora é a sua vez de ser decente
ou esqueça que um dia já fui presente.
Disse que parece que uma era chegou ao fim,
mas não consigo entender
quando você estabeleceu que queria algo de mim.
Você é sempre assim,
uma espontaneidade carinhosa
que sempre acaba quando
tem que voltar a viver em uma distancia dolorosa.
Queria que o destino fosse um pouco menos maldoso,
acabasse logo com esse alvoroço
e fizesse com que você fosse um pouco mais cuidadoso.

(Mariana Magalhães)

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Quando morrer na praia não é morrer

Hoje ainda admiro nosso esforço. Concluí que nem sempre nadar, nadar, nadar e morrer na praia é uma decepção ou perda de tempo. Afinal, acho que a gente nunca “nadou, nadou, nadou” tentando sobreviver. A gente estava era vivendo, mesmo, apreciando cada braçada. E se morremos na praia, no fim das contas, morremos de mãos dadas. Me arrisco a dizer que, pelo menos assim, não haverá tanta falta, tanta saudade. Mas é só um palpite. O que posso afirmar com certeza, agora, é que tenho o maior orgulho de ter tentado até o fim, até o meu limite. Afinal, limite é algo pessoal, e eu já sabia que tinha chegado ao meu quando parei de nadar. O que, aliás, é uma ironia pra quem sempre morou em terra de montanha. Mas quem sabe a gente ainda não sai pra um mergulho quando a maré baixar?

Idas e vindas e altos e baixos que só a gente conhece e, no fim das contas, nossa história só a nós pertence... e, se quer saber, prefiro deixá-la intacta, guardada do jeito que ficou, em gavetas com ETs, colares e perfumes que só a gente sabe... só a gente conhece. Prometo nunca mais usar seu coração. Vou deixá-lo bem guardado, mas especialmente na memória, afinal, cristal que quebra não cola mais.


(Mariana P.)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Para desfazer o quebra-cabeças

A eternidade que planejávamos para nós ficou no passado, que agora, fica na memória sob uma forma tão perfeita e pura. Te escrevo hoje, porque se tornou intolerável para meu corpo te ver e não te beijar, simplesmente acabar em discussões do que poderia ter sido se... Somos orgulhosos demais, ainda, para largar esse "se". Sou sentimental demais, ainda, para tolerar uma traição. E você é impulsivo demais, ainda, para se tornar o homem de uma só mulher. Juntos, somos uma perfeição de um quebra-cabeças que não falta nenhuma peça, somos invejáveis. Mas juntos, também somos a fragilidade da nossa junção. Nosso encaixe é único, mas possui o defeito de ser fácil de ser desfeito.
Me sinto como se estivéssemos encenando a música "Slow dancing in a burning room" de John Mayer. O perfeito imperfeito está no fim que sabemos que está, mas insistimos em fingir que não sabemos de sua existência. Chegou a hora de encarar e parar de adiar o inevitável. Eu te amo e pronto, mas se o amor bastasse, viveríamos em um filme romântico e holywoodiano.
Sei que vivo com a cabeça em livros, cafés e poesias. Sou assim mesmo. Minha ilusão literária faz parte de mim e só eu consigo entender porque gosto de viver nesse mundo. Não é uma questão de gostar de me iludir, de ser melancólica demais ou de ainda não ter vivido o suficiente para entender as coisas da vida. Maturidade não se conquista com anos de vida, mas com as experiências que nos proporcionamos.
Não suporto mais a ideia de poder te ter, mas não te ter exclusivamente. Nesse sentido, sou uma egoísta completa. Sou o agora ou o nada. Agora, me despeço da dor presente e também da vinda de qualquer dor que se atreva a ser futura e tardia. Me despeço aqui do nosso amor, perfeito para existir em livros e poemas, mas não na realidade. Dou adeus a uma infinitude de coisas que poderiam ser. Enterro todas as suas carícias e palavras de amor infinitas. Não direi que foi bom enquanto durou, pois não me atrevo a viver nossos momentos bons na mente, não suportaria. Te dou agora o adeus de toda uma vida que poderia ter sido e não foi.
Me faça um último favor, nos queime na sua memória, assim como pretendo fazer. "Brilho eterno de uma mente sem lembranças" foi inspirador.
Meu amor está preso incondicionalmente pelo seu coração, mas preciso ganhar minha liberdade condicional para tentar continuar a ser alguém feliz sem você.

Um último beijo daqueles longos e incansáveis,

Da sua outra parte do quebra-cabeças.

(Mariana Magalhães)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Tipo criança

De primeira
pareceu um cara interessante
Um papo incessante
andar elegante
Mas acho melhor
manter uma distancia
Meu coração
é como uma criança
se interessa fácil
gosta de doce novo
mas não pode ficar
sem o seu tesouro
chora como se não
houvesse outro
Até a hora que descobre
um brinquedo novo.

(Mariana Magalhães)


segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

E sempre haverá o acaso.

Essa tarde lavei a alma em uma chuva inesperada. Até então, não tinha me dado conta de como precisava de um acontecimento de tamanha proporção, com uma enxurrada deliciosa que levou todos os maus agouros para bem longe de mim. Possuo uma capacidade imensa e inexplicável de atrair pessoas com uma tendência a infidelidade. Nada que me orgulhe, mas tenho que admitir. Por mais que nos últimos tempos eu esteja em uma fase completamente introspectiva, ainda sentia um peso que me corroía aos poucos, traziam memórias indesejadas e deixavam um sentimento solitário, como se um pedaço me faltasse. Admito que cogitei a ideia de fazer aqueles banhos de sal grosso, que geralmente, ouvimos de recomendação por ai. A vontade aumentou quando tive que segurar meu orgulho e passar por momentos consideravelmente torturantes, ver alguém por quem seu coração já se apaixonou mas depois chorou, declamar seus arrependimentos e esclarecer sentimentos, os quais não teve coragem para falar anteriormente. O problema é que como já é sabido, muitos só dão valor quando perdem, mas o que poucos sabem, é que meu coração se fecha depois de um tempo. Mas como estamos sempre aptos a sofrer boas surpresas do acaso, recebi como recompensa de cada loucura que presenciei, essa chuva gratificante ao espírito. Que traz boas vibrações, leva embora más sensações e deixa a vida mais leve.

(Mariana Magalhães)