terça-feira, 7 de agosto de 2012

O pedido pelo ônibus

Eram exatamente meia noite. Ele me dava um beijo quente, não queria me largar, era como se tivesse tentando me falar que não queria partir. Sim, era doloroso demais quando nos separávamos, mas, infelizmente, a distancia ainda estava entre nós. O motorista do ônibus, fazia a última chamada, já impaciente. Então, ele foi largando a minha mão, seguindo em direção a porta, mas sem tirar os olhos de mim. Veio o aperto no coração. Ele sentou na janela. Ficamos nos olhando por alguns segundos. De repente ele desviou o olhar para algo dentro de sua mochila. Sem entender o que era, comecei a seguir o ônibus, que ainda andava devagar. Quando, finalmente, ele voltou seus olhos para mim, colocou na janela um caderno com o escrito em uma folha: 'Casa comigo?'. Por alguns segundos parei de correr e congelei. Assim que voltei para mim, olhei para a janela em que ele estava. Ele me alcançava inquieto com o olhar. Voltei a correr, com uma lágrima escorrendo pelos olhos, mas com um sorriso que atravessava as orelhas. Ele, entendendo minha resposta, sorriu de volta e fez um coração com as mãos pelo vidro da janela. Ai, parei de correr, o ônibus virou a esquina.

(Mariana Magalhães)

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