Os esmaltes das minhas unhas estão gastos, tenho olheiras
que se confundem com a maquiagem borrada nos meus olhos. O Sol ofusca a minha
visão, acho que devem ser quase meio dia.
Quando caio em consciência, percebo que estou atirada na
calçada, como um vagabundo qualquer. As pessoas olham esquisito, devem estar me
confundindo com algum bêbado ou drogado, e, para falar a verdade, não estou
muito longe disso. Não consigo me lembrar de quase nada da noite passada,
apenas de ter sentado na cadeira de um boteco no centro da cidade, procurando
por um copo de cerveja.
Aos poucos minha visão vai voltando a sua normalidade,
percebo que há sangue entre as minhas pernas. Porque será que estou sangrando?
Ah... Minha cabeça dói, assim como os meus lábios, sinto que estão inchados.
Começo a tremer de frio em meio ao calor escaldante das
ruas.
Meu Deus... O que aconteceu comigo? Será que ninguém percebe
que estou precisando de ajuda? Onde será que estou...?
O desespero começou a me tomar... Levantei do chão com
alguma dificuldade, me apoiando pela parede. Preciso de ajuda, de alguém.
O barulho dos carros na rua faz a minha cabeça latejar cada
vez mais, estou confusa, não consigo organizar meus pensamentos. Flashes da
noite passada começam a brilhar em minha cabeça... Havia um homem conversando
comigo no bar, acho que ele queria me levar para sua casa. Eu resisti e de
repente fui ao chão com a intensidade do soco que levei no rosto, acho que
desmaiei por uns instantes...
Minha respiração começou a ficar ofegante com as memórias
que estavam voltando em minha mente... Meu Deus, acho que fui violentada...
As lágrimas começaram a escorrer pelos meus olhos sem limite
algum, preciso chamar a polícia. Vejo uma lanchonete na esquina, vou correndo
naquela direção gritando por socorro. Os fregueses se assustam com a minha
aparência e desespero, um segurança aparece na porta me impedindo de
ultrapassá-la, ele segura forte em meu braço e, antes que eu pudesse pensar em
falar alguma coisa, fui enxotada para fora, caio no chão e bato com a cabeça no
meio fio da calçada. Apago novamente.
(Mariana Magalhães)
Nenhum comentário:
Postar um comentário