quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Especial Caio F.

Sem motivo especial, além de simplesmente ser Caio:

"E tem o seguinte, meus senhores: não vamos enlouquecer, nem nos matar, nem desistir. Pelo contrario: vamos ficar ótimos e incomodar bastante ainda."

"Quando partiu, levava as mãos no bolso, a cabeça erguida. Não olhava para trás, porque olhar para trás era uma maneira de ficar num pedaço qualquer para partir incompleto, ficado em meio para trás. Não olhava, pois, e, pois não ficava. Completo, partiu."

"Frágil – você tem tanta vontade de chorar, tanta vontade de ir embora. Para que o protejam, para que sintam falta. Tanta vontade de viajar para bem longe, romper todos os laços, sem deixar endereço. Um dia mandará um cartão-postal de algum lugar improvável. Bali, Madagascar, Sumatra. Escreverá: penso em você. Deve ser bonito, mesmo melancólico, alguém que se foi pensar em você num lugar improvável como esse. Você se comove com o que não acontece, você sente frio e medo. Parado atrás da vidraça, olhando a chuva que, aos poucos começa a passar."

"Chorar por tudo que se perdeu, por tudo que apenas ameaçou e não chegou a ser, pelo que perdi de mim, pelo ontem morto, pelo hoje sujo, pelo amanhã que não existe, pelo muito que amei e não me amaram, pelo que tentei ser correto e não foram comigo. Meu coração sangra com uma dor que não consigo comunicar a ninguém, recuso todos os toques e ignoro todas tentativas de aproximação. Tenho vergonha de gritar que esta dor é só minha, de pedir que me deixem em paz e só com ela, como um cão com seu osso. A única magia que existe é estarmos vivos e não entendermos nada disso. A única magia que existe é a nossa incompreensão."

"Só que homossexualidade não existe, nunca existiu. Existe sexualidade - voltada para um objeto qualquer de desejo. Que pode ou não ter genitália igual, e isso é detalhe. Mas não determina maior ou menor grau de moral ou integridade."

"Eu sei o que você pensa quando olha pra mim. Talvez se eu fosse mais comportada, falasse mais baixo e não chamasse tanta atenção. Talvez se eu bebesse um pouco menos, te desse menos trabalho e não fosse tão do agora. Talvez se eu não tivesse chegado tão perto, nem te tocado tão fundo, nem sido tão eu... talvez haveria alguma possibilidade."

"E eu não tive tempo de dizer que quando a gente precisa que alguém fique a gente constrói qualquer coisa, até um castelo".

"Liguei o rádio. Além dos pensamentos, queria outros ruídos no cérebro. Mais profanos, menos confusos."

"No meio da fuga, você aconteceu."

"Podia ser só amizade, paixão, carinho, admiração, respeito, ternura, tesão. Com tantos sentimentos, (...) tinha de ser justo amor, meu Deus?"

"Onde andará? (“Onde andará?” é das perguntas mais tristes que conheço, sinônimo de se perdeu)."

"O tempo todo me perguntando coisas do tipo o que fiz? Será que estou agindo do jeito certo? E há um jeito certo? Se houver, qual é? Por aí."

"Não tenho tido muito tempo ultimamente, mas penso tanto em você que na hora de dormir vez em quando até sorrio."

"Gosto de pessoas doces, gosto de situações claras; e por tudo isso, ando cada vez mais só."

"Seu sorriso derretia satélites e corações gelados."

"Meio que tropeçou no inesperado da coisa."

"Todo atento para não errar, errava cada vez mais."

"Acontece que descargas, não quero parecer alarmista, às vezes entopem. E devolvem justamente aquilo que deveriam levar embora."

"Se a realidade te alimenta com merda, meu irmão, a mente pode te alimentar com flores."

"Queria saber. Saber não, não quero saber nada, queria conseguir. Conseguir também não — sem esforço, é como eu queria."

"Um café e um amor. Quentes, por favor."

"(...) um dia de monja, um dia de puta, um dia de Joplin, um dia de Tereza de Calcutá, um dia de merda."

"De mais a mais, eu não queria. Seria preciso forjar climas, insinuar convites, servir vinhos, acender velas, fazer caras. Para talvez ouvir não. A não ser que soprasse tanto vento que velejasse por si. Não velejou."

“Eu preciso muito deixar acontecer o momento da renovação, trocar de pele, mudar de cor. Tenho sentido necessidades do novo, não importa o quê, mais que seja novo, nem que sejam os problemas. Preciso deixar a casa vazia para receber a nova mobília. Fazer a faxina da mente, da alma, do corpo e do coração. Demolir as ruínas e construir qualquer coisa nova, quem sabe um castelo.”

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