sábado, 9 de março de 2013

(In)feliciano & as minorias


Um amigo da faculdade resolveu discutir acerca do simbolismo da nossa democracia, em sua monografia. Ilustrando o que ele quis dizer, me explicou que, de sua perspectiva, vivemos uma democracia de massa, e não uma que de fato respeita e dá voz às minorias como a teoria prega.

Enfim, o ponto é que, paralelamente, a 700km de distância geográfica mas nenhuma distância subjetiva, ali em Brasília, elegia-se para a presidência da Câmara de Direitos Humanos e de Minorias da Câmara dos Deputados, ninguém mais ninguém que menos que Marco Feliciano. A proposta não é falar mal dele, mas há um questionamento abertamente esquecido ou, talvez, simplesmente negligenciado. Como posso esperar que alguém que não gosta de doces saiba fazê-los com maestria? Ou que alguém que não gosta de rock’n’roll saiba a biografia dos Rolling Stones? Ou que alguém manifestamente homofóbico, racista, evangélico e reacionário represente a luta pelas minorias sociais? É simples assim. Não há lógica, creio eu, de nenhuma perspectiva social-antropo-psico-filosófica da qual se queira ver. Freud não explica. Claro, há explicações política-lobbystas-sei-lá-mais-o-que, mas meras explicações, nada que justifique.

Diria que é o máximo do pouco caso que se poderia esperar como demonstração vinda das duas torres brasilienses. Acima de qualquer dinheiro “roubado do povo”. Acima de qualquer corrupção de qualquer gênero. Acima da parcialidade que o STF possa apresentar. A CDHM está sem presidente que a represente da forma devida. Está numa jangada, boiando em alto mar de águas ácidas e deixando cair aqueles que nela depositaram esperança. Daí a monografia do meu amigo perder o objeto, já que resta provado empiricamente que nossa democracia é, de fato e de ato, de massa.

A Comissão de Constituição e Justiça, tal qual a de Seguridade Social e Família têm suas próprias funções, muito mais abrangentes do que a especificidade dos Direitos Humanos e de Minorias da CDHM, em especial considerando a constitucionalização simbólica na qual nos inserimos, fazendo com que o ativismo da Comissão em questão seja, sim, indispensável e insubstituível – digo isto em consideração à manifestação da Direção Nacional de Juventude do PT (aqui).

Parafraseando minha companheira de blog, em uma discussão sobre como damos um passo à frente e outro para trás: “É o Estado Desorganizado de Direito”, ou como falei na mesma ocasião: Estado Demo-crático de Desorganização.


(Mariana Pio)

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