segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Resenha sobre um rolo e uma fuga

Passou por ele rápido no meio da multidão, meio descabelada e um pouco bêbada, mas sem perder o momento do flerte – a tradicional e discreta troca de olhares. Era um show de uma antiga banda de rock, já meio decadente. Idas e vindas, sobes e desces, vais e voltas, uma hora ele se aproximou, com seu all star e sua não terminada tatuagem no braço. Uma brincadeira com uma conhecida que a acompanhava, pegando alguma bebida no balcão. Outra com ela e, de repente: “Eu não te conheço de algum lugar?” Pronto! Que fala barata. Conversa vai, conversa vem, realmente se conheciam de algum lugar. Ela o havia julgado mal. Algum lugar, vários amigos em comum, eventualmente se encontrariam por aí, de qualquer forma. Quem sabe? era absolutamente inesperado. Mais conversa, um convite pra sair. “por que não?”, pensou.

Sairam. De repente era hábito e já durava algum tempo – umas saídas, uns baseados, um bocado de rock. Se davam bem. Em todos os sentidos. Um dia, ele a surpreendeu com uma camisa daquela banda que, em comum, curtiam muito. No outro, tocava John Mayer na guitarra enquanto ela ouvia, encantada. Mas, droga, aí começaram a surgir aqueles sintomas - de bem estar, e de ficar tão a vontade com alguém, e toda aquela endorfina... Apesar de que fazia já algum tempo desde a ultima vez, ela sabia bem o que eles significavam. E onde isso ia parar. As borboletas no estômago precisavam ser mortas.

Por sorte ou ironia, de repente lá estava ela, embarcando novamente num avião, para longe dele e dos seus rocks. Lá, n’outro continente, começou a se entender com sua covardia – não queria se apaixonar. Era o momento da fuga. Então, fugiu.


(Mariana Pio)

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