quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Sem

Sem velocidade
Sem embriaguez
Abandonei qualquer sinal
Passo direto, sem ver
sem vez
Quase sem ser
Despida de qualquer sensatez
de qualquer vestígio de lucidez
Deixei qualquer sinal
num lugar qualquer
onde ninguém verá,
onde ninguém nunca passará,
ou saberá
da minha nudez
nesta minha mudez.

Aquele velho silêncio
que foi atropelado por tanto barulho
voltou a correr nas minhas veias;
me estupra
me invade
alguém de fato ouviu meu barulho?
os tempos em que meu coração fez alarde?
Porque agora aquele silêncio covarde
É minha coragem,
Minha droga - num consumo mutuo
nos matamos, reciprocamente
promiscuamente
enquanto o engulo lentamente
feito mel,
feito comprimido...
reprimido,
já não sinto.

(Mariana Pio)

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