Ele era mais um desses barbudos, de cabelo
bagunçado, que se encontrava em um aeroporto, rumo a um destino qualquer.
Seu nome, eu nunca
soube. Mas me atraia pelo simples fato de andar com roupas largadas, meio
velhas, seu livro na mão e ouvindo alguma música que com certeza eu gostaria de
ouvir também.
Tive muitas
vontades desde o momento em que o vi pela primeira vez. Ele mal notava minha
existência, mas queria muito perguntar se ele me daria um de seus fones de
ouvido, para que eu pudesse adentrar em seu universo desconhecido.
Mas é difícil
realizar tal façanha quando se está a beira de um colapso nervoso, com o
coração batendo no céu da boca. Normalmente, minha tendência, nesses momentos,
é congelar completamente.
Ele continuava lá,
sentado, lendo seu livro. Matutei por alguns minutos o que falar ou não com
ele. Aquela indagação mental mais parecia uma disputa do meu lado diabólico
versus o meu lado de anjo. Em minha cabeça, essa indecisão pareceu durar uma
eternidade, mas eu tinha um relógio que desmentia o meu ‘achometro’.
Em fim, tomei
coragem e me levantei. Resolvi. Ia até lá falar com ele. Coloquei no rosto meu
sorriso mais bonito. Quando me aproximava, apareceu o Murphy para me dar uma
rasteira.
Aquele moreno sedutor recebeu um beijo caloroso e inesperado (pelo menos por mim),
desses tipo de filme, e o pior, o remetente desse beijo avassalador era uma morena,
alta e de porte fino.
Voltei ao meu
estado de congelamento. Fiquei ali, parada, vendo aquele amor todo se exalando,
até o minuto em que eles se levantaram e foram embarcar naquele destino
desconhecido.
Passaram por mim.
Ele trombou em meu ombro, e no mesmo segundo, se virou e me pediu desculpas com
a voz mais doce que eu já havia ouvido. Não tive tempo de responder.
Continuei no mesmo
lugar, com os pés concretizados no chão. De repente, em um estalo, voltei para
a realidade e cai em desespero. Anunciavam a última chamada para o meu voo...
(Mariana Magalhães)
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