Colecionadora de corações, andava por aí
com cara de quem nem liga, mas bem sabia que aos seus pés havia mais de duas
mãos. O coração nasceu defeituoso, diziam uns; a cabeça está fora de moda, diziam
outros. Mas só ela sabia do fardo de ter revelado seus tocs a alguém num
passado não muito distante. Era o que culpava pelo fracasso de seu maior
investimento. Ela se revelara demais, e agora se dava conta de que pouco valia
guardar seu coração (e entregá-lo) a um único alguém quando é a ele que cabe a
decisão de aceitá-lo ou não. O Gostar estava em baixa, pouca especulação, já
não valia muito naqueles tempos. Seu valor dependia da disposição do alguém
para lidar com ela. Concluiu que o melhor era guardar os tocs na própria loucura,
antes que muitos soubessem que o volume do som tem que ser número par, e pulem
da proa antes de zarpar. Gostar? Te desafio a me aceitar.
(Mariana P.)
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