segunda-feira, 19 de março de 2012

Rasteira do tempo

Acordou com a necessidade de um chocolate para acalmar os nervos. Já sabia que o único remédio que lhe cabia era o tempo, aquele já bem conhecido e que nunca passava da forma que ela gostaria. Resolveu que não mais viveria descompassada e sem alegria. Tomou então, uma decisão. Obedeceria apenas a razão. Arrancou seu coração e o trancou solitário em um porão. Era, ali, o fim decretado da ilusão. Passaram alguns anos e ela continuava consolidada na decisão, até o dia que trombou com o antigo dono de seu coração. Sem perceber que se encontrava paralisada, foi escorrendo como se fosse água, só voltou a realidade quando um 'Oi' lhe tomou despreparada. Voltou para casa como se fosse um fantasma. De repente, veio a vontade inusitada de matar a ansiedade com aquele chocolate. Percebeu então, que a única coisa que fez, foi enganar seu coração. O tempo passou, mas a razão não ganhou. Entendeu que apenas o desperdiçou, desejou ter passado o tempo perdido com aquele que sempre amou. Jogou a toalha e libertou aquele que sabia ir atrás da felicidade. Cantarolou pelo caminho como se estivesse em uma festividade. Tocou a campainha e deixou fluir a adrenalina. A porta se abriu e depois de alguns segundos de reconhecimento de retina, morreu de prazer com o abraço que recebia. Resolveu, desse dia em diante, que não mais seria impetulante, deixaria o tempo seguir seus caminhos e viveria tudo que viesse na velocidade e na intensidade que lhe coubesse.

(Mariana Magalhães)

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