Batiam as
primeiras 24 horas sem ele, e eu mal conseguia entender das horas. Sentada no
terceiro bar da noite, com os mesmos bons e velhos amigos de sempre, percebi o
que até então evitara pensar a respeito, mas agora o álcool me sacudia e despejava
essa coisa toda na minha cara sem qualquer sugestão de piedade: ele não me
amava. Nunca me amou. Eu não queria acreditar. Uma amiga me disse que isso que
acontecia comigo toda vez que me permitia gostar de alguém era castigo – eu
pagava pelo sofrimento que causei a um certo ex namorado ou alguma coisa do
tipo. Lei da ação e reação, também conhecida como toma-lá-dá-cá. Então o melhor
que eu podia fazer por mim mesma e por todo mundo era aceitar isso – aceitar
que aquela coisa toda tinha sido a porra de uma mentira gorda e grande que eu agora tentava ver como uma lembrança dessas que arranca da gente um sorriso distante – e
seguir em frente, pra qualquer direção que fosse. Então sugeri uma festa;
musica boa, gente nova e bebida a rodo. Minutos depois estávamos num desses
inferninhos no subsolo. Era uma loucura. Mas não era o suficiente. Então
apareceu um velho flerte e no próximo momento estávamos fora.
A próxima lembrança era de estar completamente anestesiada,
me arrastando escada acima em direção a minha casa. Meu cabelo, minhas mãos,
tudo tinha cheiro de outro. Minha boca tinha outro gosto – um gosto estranho. Ele
não era ele. Ai entendi que isso não ia me ajudar, só ia me embaralhar... era
pura mágica: eu queria acreditar nisso, que seria de qualquer valia, mas sabia
que era mentira. Mais uma. Nada do que eu fizesse ali e agora iria me ajudar da
forma que eu precisava. Só o que eu podia fazer era pedir uma dose a mais junto
com a tequila:
- Uma... não, três
doses de tempo, por favor. Com sal e limão.
(Mariana P.)
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