segunda-feira, 11 de julho de 2011

" Rockin "

Mais um inverno chegava e era hora de cair na estrada novamente, eu havia juntado alguns trocados fazendo uns bicos pela cidade e eu já podia me ver cruzando oceanos. Lá estava eu mais uma vez com aquela velha mochila que cabia minha vida nas costas e a garrafa de whisky nas mãos. Eu sabia que era tempos de redenção e viajava sem qualquer preocupação do que ficava para trás, era hora de deixá-las para trás. Sumi mais uma vez, sem deixar ao menos um aviso nas paredes. E lá estava eu a milhas de distancia daquele inferno e tudo o que eu fazia era dar suspiros aliviados. Logo no primeiro dia eu já desbravava aquele lugar com um sentimento de familiaridade inacreditável. E mais inacreditável ainda foi encontrar com uma não tão velha conhecida, que parecia cruzar todos meus caminhos nas estradas afora. Nos juntamos para dias a fio de libertinagem; eu não saberia distinguir um dia do outro, mas saberia dizer o quanto foi libertador. Eu cambaleava pelas ruas iluminadas pelas luzes vermelhas, me esbarrava em vitrines que expunham belas jovens exportadas da América, sorria para elas, era tudo o que eu podia gastar. Eu estava reaprendendo a arte de flertar e acabava por me empolgar demais e acordava com alguns nomes no bolso. No dia seguinte, me confortava nas lembranças de outras pessoas sobre o resto de noite passada. Levantava com dificuldade e caminhava pelo caminho que já era um tanto quanto familiar, encontrava com aquela conhecida que me alimentava com alguns tragos de cannabis e seguíamos direto para algum pub para recomeçar de onde havíamos parado. Difícil seria sobreviver a uma vida ali, era hora de cruzar fronteiras e experimentar de outros lugares. Despedi daqueles que conheci, quanto àquela que eu já conhecia, eu sabia que nos cruzaríamos mais algumas vezes por ai. Coloquei a mochila nas costas, rumo ao sul aonde o Sol é Toscano.

(De uma pessoa incrivelmente querida, Lorena Paccini, sobre Amsterdam/junho de 2011.)

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