sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

E foi vivendo...

Mais um dia se passou
E aquela agonia só aumentou
Via o Sol nascer
Percebia o entardecer
Temia a noite como ninguém
A solidão não dá trégua
Nem àquele que escolhe viver sem
Precisava dar um jeito na dor
Um coração já de meia idade
Necessita de um pouco de calor
Decidiu largar todo o rancor
E ir atrás do que realmente lhe parecia amor
Pediu perdão com muito louvor
Conseguiu enganar a dor
Hoje pode dormir em paz
Dizendo que foi amado
Porque quem também amou.

(Mariana Magalhães)

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Pequeno desabafo para uma grande indignação.

Tamanha hipocrisia
Cria uma massa de acefalia
Que não se justifica
pela falta de uma livraria
mas sim
pela preguiça
que em muitos predomina.

(Mariana Magalhães)

segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Quem é você agora?

Vejo suas fotos pelos cantos e meu primeiro pensamento é sobre o quão estranho é não saber mais nada do que se passa contigo. O que se construiu em tantos anos se perdeu em poucos meses. É isso mesmo? Não é mais tempo de procurar por culpados ou culpas, ou apontar erros e acertos, ou acusar medos e ressentimentos. Só me pergunto como e quando foi que isso aconteceu. Como foi que você se tornou um estranho? Quando foi que passamos a ser indiferentes? Queria ouvir de você. Como vai a faculdade? e o coração da sua mãe? falando nisso, e seus pais? já aceitaram que nunca vão se separar? e sua irmã, passou num concurso finalmente? e a namorada nova, será que posso perguntar? Quando foi que você resolveu por nós dois que nunca mais deveríamos nos falar? Do tudo fez-se nada, e do nada o inverso. Não tenho mais nem um resquício de você na minha vida. Suas coisas agora estão numa caixa onde só cabem lembranças, nada de presente. Mas será que lembranças também não mandam notícias de vez em quando?

(Mariana P.)

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Anti Bela Adormecida

Aquela insensatez era tanta
que transparecia com a euforia
que era a vida daquela menina
tentava sempre transformar em alegria
aquilo que lá dentro doía
nem ela sabia se compreendia.
Sabia apenas
que quando anoitecia
somente ela não adormecia.

(Mariana Magalhães)

sábado, 14 de janeiro de 2012

6° Economia do mundo?

Nem sempre os números dizem a verdade – e nas mãos de quem vive de fazer publicidade, ou de uma bela embalagem – os números podem ser um perigo.

No final do ano o governo noticiou com orgulho que o Brasil ascenderá à sexta maior economia do planeta, deixando pra trás o poderoso Reino Unido. Que boa notícia! Devemos, sim, ficar felizes. Mas esta felicidade não pode nos embebecer de tal modo a nos deixar cegos.

Crescemos! Crescemos no fazer propaganda, no prometer e não cumprir, na queda de ministros, no esquecimento dos mais necessitados, – quantos brasileiros vivem em situação de verdadeira miséria? Crescemos na infraestrutura? Crescemos na qualidade de atendimento à saúde? Crescemos na distribuição de renda? Crescemos no bom serviço público prestado aos cidadãos?

Se fóssemos o sexto país do mundo que mais investe em educação, saúde, transporte, meio ambiente, moradia… Aí sim teríamos que comemorar como se fossemos heptacampeão numa final no Maracanã.

Cresce o PIB, mas e os investimentos nas necessidades do povo brasileiro… ?

Temos de ser cautelosos ao comemorar a ascensão da economia brasileira. Não adianta termos a
sexta maior economia do mundo se a nossa renda per capita, na verdade, é apenas a 47ª. É superestimar, é ser ufanista em demasia!

Como disse Diogo Mainardi no programa “Manhattan Connection”: “ter o sexto maior PIB do mundo é bem menos importante do que ter um saneamento de esgoto decente e comida na mesa.”. E é verdade. E é também, o contrário do que acontece hoje, quando vemos falta de infraestrutura básica, saneamento, coleta regular de lixo, postos de saúde, transportes coletivos e educação precária.

2012 Chegou!!! É uma chance de tentar fazer diferente. As eleições já estão batendo na porta. E por ser ano eleitoral as obras vão começar a desenvolver e a máquina pública vai trabalhar!!!!

Vamos abrir os olhos!!!

(Roberto Pinheiro)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Viagem sem destino

Ela era inquieta e espevitada. Ele era sério e tímido. Ela estava voltando de apenas mais uma de suas aventuras na vida, foi explorar as serras mineiras. Ele procurava fugir de uma recente decepção amorosa. Teve o noivado rompido quando a dona do seu coração fugira com outro deixando apenas um bilhete de adeus.
Sentaram lado a lado com destino ao baiano mar azul. Ela tinha no colo um livro de Marçal Aquino, gostava de romances, principalmente os que envolviam terras brasileiras. Escrevia em seu caderno de bordo os relatos de suas escaladas intercaladas de pães de queijo e café. Ele transmitia um ar pesado e cansativo, lia algo sobre negócios e bolsa de valores, tentando, sem sucesso, distrair a tristeza. Depois de alguns segundos observando-o, ela começou a rir e resolveu perguntar o que um ser tão engravatado estava procurando no meio de uma terra com areia e mar. Ele incomodado com a pergunta, murmurou algo nervoso com uma aparência "não incomode". Foi então que ela entendeu que ele só poderia estar doente do coração, só não havia descoberto ainda como se curar da dor. Resolveu que não o incomodaria, voltou então para seus escritos.
Ao alcançarem o destino pretendido, ela pegou seu mochilão e seguiu a caminho da balsa para sua cidade. Na saída do aeroporto, encontrou o mesmo indivíduo ressentido, morrendo de calor e perdido na porta, sem saber aonde ir. Ela, como sempre cheia de iniciativa, já chegou tirando o livro da mão do rapaz. Ele, muito assustado, perguntou com uma voz enraivecida o que ela estava fazendo. E ela foi sucinta: "se quer parar de sofrer, deve primeiro se livrar de leituras pesadas e dessas roupas quentes e formais que o cercam." Ele respondeu como um pouco de rispidez: "e quem é você que pensa que sabe algo sobre mim?" Ela riu e começou a andar de costas, de volta para seu caminho, e disse: "sou a pessoa que pode te ajudar a aliviar o peso das costas. Se quiser, me acompanhe, moro perto daqui, posso te levar a lugares maravilhosos." Ele estava um pouco confuso, mas sentia que devia segui-la, mesmo sem saber exatamente porque. Quando se deu conta, já estava apressando os passos para alcançá-la.
Na balça para Arraial, ela perguntou o que havia acontecido com a responsável pela amargura em seu humor. Ele, apesar de um pouco receoso, desabafou sua história. Ao chegarem à casa dela, ele se encontrou em uma cabana modesta, aconchegante e na beira da praia. Pensara então, que ironicamente, achara a tranquilidade que queria em uma garota completamente fora do comum.
Depois de alguns dias conhecendo praias paradisíacas e lugares que apenas nativos saberiam como chegar, ele se realizou. Estava na plena paz interior. Resolveu perguntá-la como decidiu que levaria essa vida fora da realidade. E pela primeira vez, ele a vira perder o sorriso do rosto. Ela contou como tragicamente perdeu seus pais quando era pequena, como não suportava morar com seus tios que só queriam sua herança e como resolveu ser livre ao completar 18 anos. Contou histórias dos lugares que conheceu pelo mundo e juntos caíram em risadas partilhando momentos e intimidades.
Depois de três semanas com aquela mulher, percebeu que não sabia antes o que era ter momentos inesquecíveis de felicidade. Não queria abandoná-la. Quando ela dormia, perguntou baixinho em seu ouvido se poderia ficar por ali mesmo, em sua companhia. Ela respondeu sonambulando, que ele não poderia, mas que ele deveria ficar. Com um sorriso no rosto, ele perguntou novamente baixinho, porque ela quis tanto ajudá-lo quando o conheceu. Ela, ainda dormindo, respondeu se virando para ele, que desde a hora em que o viu, ela soube que queria descansar em seus braços. Naquele momento, um sorriso sem tamanho e uma felicidade extrema o fizeram experimentar um sono como nunca tivera antes.

(Mariana Magalhães)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Cidade das luzes

Estava perfeita
mesmo por entre gotas de chuva
transmite sonho pelas luzes
conta histórias pelas pedras na rua
Em pensar que muitos homens querem ir a Lua
quando é possível caminhar em Paris ao luar.

(Mariana Magalhães)